Deleuze & Guattari - Desejo, Estado e capitalismo
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Áudio extraído de videoaula no https://tinyurl.com/t57xxn9b Trecho de aula em 14/01/20, no Lab Mundo Pensante. Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 25:17 : Sempre houve desejos descodificados,...
show moreTrecho de aula em 14/01/20, no Lab Mundo Pensante.
Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 25:17 :
Sempre houve desejos descodificados, desejos de descodificação — a história está cheia deles. […] Eis por que o capitalismo e seu corte não se definem simplesmente por fluxos descodificados, mas pela descodificação generalizada dos fluxos, pela nova desterritorialização maciça e pela conjunção de fluxos desterritorializados. […] No coração d’O capital, Marx mostra o encontro de dois elementos “principais”: de um lado, o trabalhador desterritorializado, devindo trabalhador livre e nu, tendo para vender a sua força de trabalho; do outro, o dinheiro descodificado, devindo capital e capaz de comprá-la. (O anti-Édipo, p. 297 e 298, Editora 34)
Como mostrou Samir Amin, o processo de desterritorialização vai aqui do centro à periferia, isto é, dos países desenvolvidos aos países subdesenvolvidos, que não constituem um mundo à parte, mas uma peça essencial da máquina capitalista mundial. Ainda é preciso acrescentar que o próprio centro tem seus enclaves organizados de subdesenvolvimento, suas reservas e favelas como periferias interiores. […] Ao mesmo tempo em que a desterritorialização capitalista se faz do centro para a periferia, a descodificação dos fluxos na periferia se faz por uma “desarticulação” que arruína setores tradicionais e leva ao desenvolvimento de circuitos econômicos voltados para fora, a uma hipertrofia específica do terciário, a uma extrema desigualdade na distribuição das produtividades e dos rendimentos. […] O capitalismo esquizofreniza cada vez mais na periferia. (O anti-Édipo, p. 307 e 308, Editora 34)
O Estado capitalista é o regulador dos fluxos descodificados como tais, enquanto tomados na axiomática do capital. […] Nunca um Estado perdeu tanta potência para colocar-se com tanta força a serviço do signo de potência econômica. [...] Nunca houve um capitalismo liberal. […] O capitalismo só conseguiu digerir a Revolução Russa de 1917 acrescentando sem parar novos axiomas aos antigos: axioma para a classe operária, para os sindicatos etc. Ele está sempre pronto a acrescentar axiomas. (O anti-Édipo, p. 334 a 336, Editora 34)
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AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com
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