Reinaldo Gottino conta a história Maha Mamo, a primeira apátrida a ser naturalizada brasileira. A luta por reconhecimento, ou, como ela diz, pertencimento em vários países terminou aqui, no Brasil. Os pais são sírios de religiões diferentes. O casamento inter-religioso na Síria não é permitido. Apaixonados, os pais de Maha foram para o Líbano e ali se casaram, sem nenhum documento que atestasse a união. Maha é a filha do meio de três irmãos, nunca registrados, sem nenhum documento até chegarem no Brasil, em 2014 aos 20 e poucos anos. O irmão de Maha morreu numa tentativa de assalto um mês após serem reconhecidos como refugiados. Foi quando Maha viu o primeiro documento dos irmãos: o atestado de óbito do caçula. A partir daí, Maha começou uma luta pelo pertencimento, descobrindo que há mais de 10 milhões de apátridas espalhados por vários países, lutou pela lei de reconhecimento de pessoas nessa situação, aprovada no Brasil e que hoje serve de exemplo para o resto do mundo. Hoje, Maha se considera cidadã do mundo e segue dando palestras e usando a própria história para sensibilizar as sociedades organizadas a olhar de perto a questão dos refugiados e apátridas